O
povoado de Galinhos, a cerca de 200 km de Natal, já perto da divisa com o
Ceará, é um dos mais isolados do litoral potiguar: fica na ponta de uma
península, entre o oceano e um extenso mar de areia, conhecido como
Dunas do Capim. Por conta da distância, pouca gente vai até lá, e
Galinhos continua sendo o que sempre foi. É apenas mais um tranquilo e
esquecido vilarejo de praia de nome curioso, tal como já foram, no
passado, as badaladas vilas cearenses Jericoacoara e Canoa Quebrada.
Até alguns anos atrás, Galinhos não tinha nada de
estrutura turística. Mesmo hoje, continua tendo pouca coisa além de sua
tranquilíssima vila de pescadores e da bucólica paisagem. No vilarejo,
onde vivem cerca de duas mil pessoas, o único movimento nas poucas ruas,
metade delas ainda de areia, é das carroças, que servem de táxi para os
parcos turistas que chegam, e dos bugues que fazem passeios.
Não há carros em Galinhos simplesmente porque não há
estrada até lá. As únicas formas de chegar são em veículo 4x4, vindo
pela praia a partir da vizinha Caiçara do Norte, e de barco,
atravessando o braço de mar que isola o vilarejo do continente. Quem
encara a distância e o tempo da viagem, porém, é recompensado com dunas,
praias completamente desertas e uma vila de pescadores que ainda
preserva muito de seu astral original.
Ali, não há muito o que fazer a não ser curtir aquele
sossego e o sol generoso da região, onde quase nunca chove. Os nativos
até dizem que é impossível o visitante topar com um dia nublado porque o
sol impera todos os dias em Galinhos.
![]() |
A chuva nos primeiros meses do ano serve apenas para
aliviar o calor forte. Lá é tão quente que, de dia, é difícil encontrar
alguém circulando pelas ruas. Só no fim da tarde é que o pessoal começa a
sair de casa e a colocar cadeiras na porta para prosear com os amigos,
hábito comum nas pequenas vilas do Nordeste. Assim como o fato de que
todo mundo é parente ou se conhece pelo nome. O pessoal é amigável, e o
visitante logo se sente em casa. A região, que inclui Macau, Areia Branca e Porto dos
Mangues, é a maior produtora de sal marinho do Brasil.
Nos fins de semana, ainda rola algum agito na praia,
fruto do turismo regional e dos passeios bate e volta feitos por quem
está em Natal. Mas, para curtir Galinhos como se deve, o melhor é passar
ao menos dois ou três dias por lá. É o tempo necessário para
desacelerar e aproveitar o ócio sem culpa.
Caipiroscas e passeios
À beira-mar, o melhor ponto de apoio é o restaurante da Pousada Brèsil Aventure, que serve deliciosas caipiroscas. Quem passa um tempo ali não tem mais vontade de ir embora. Entre um copo e outro, vale caminhar na praia, que se estende por dezenas de quilômetros sem que se veja viva alma, com exceção de um ou outro pescador.
À beira-mar, o melhor ponto de apoio é o restaurante da Pousada Brèsil Aventure, que serve deliciosas caipiroscas. Quem passa um tempo ali não tem mais vontade de ir embora. Entre um copo e outro, vale caminhar na praia, que se estende por dezenas de quilômetros sem que se veja viva alma, com exceção de um ou outro pescador.
Para conhecer melhor as redondezas, a opção é seguir
numa das carroças puxadas por jegue, que levam até a ponta da península,
onde fica o Farol de Galinhos, fincado na areia da praia. No fim da
tarde, o pôr do sol visto dali é um dos mais lindos que você poderá
admirar na vida: por volta das 17h30, o astro-rei se transforma numa
imensa bola vermelha e inicia seu mergulho no horizonte.
Para o outro lado do povoado, a 7 km de distância, fica
um belíssimo conjunto de dunas. Dá para ir até lá tanto de bugue como de
barco. Nesse último caso, os pescadores usam traineiras ou lanchas
rápidas, caso de Junior Tubarão, que tem uma lancha voadeira.
A vantagem de fazer o passeio com o Tubarão é ter o
almoço incluso. O jovem pescador tem certa vocação para chef de cozinha e
capricha num cardápio até que bem elaborado. Pode ter ceviche, lagosta
grelhada, robalo assado ou risoto ao vôngole. Isso se ele não conseguir
fisgar, no arpão, o peixe com o qual irá preparar a moqueca, ali na
hora, enquanto seus passageiros brincam de esquibunda nas dunas.
O tour segue pelo braço de mar; passa ao lado de um
mangue zal habitado pelos rosados pássaros guarás; leva a uma salina de
Macau – onde o sal retirado do mar é disposto de forma que fica
parecendo dunas de areia – e termina estrategicamente ao lado do farol,
quase sempre ao pôr do sol.
Postar um comentário